No século XVIII, e antes mesmo disso, os seres humanos começaram a discordar da teoria da criação. Nesse período, as pessoas acreditavam também na Teoria da Geração Espontânea ou Abiogênese. Ela foi uma das primeiras teorias que surgiram sobre a origem da vida e adquiriu adeptos durante toda a Antiguidade, tais como o filósofo Aristóteles, além de outras personalidades da época, e principalmente, cientistas.
A hipótese era a de que os seres vivos poderiam ‘nascer’ de matéria orgânica. Por exemplo, vermes surgiriam de frutas; rãs e cobras nasceriam a partir do lodo dos rios, etc.
Um médico que tentou provar essa teoria foi Jan Baptista Van Helmont. Ele criou uma receita para produzir camundongos por geração espontânea. Através do experimento colocou grãos de trigo em camisetas sujas, e a partir do trigo nasceriam os camundongos. Mas, ele não havia percebido que os ratos apenas eram atraídos pelos grãos.
Outro cientista foi John T. Needham, em 1745, um inglês que buscou comprovar a abiogênese. Mas foi constestado por Lazzaro Spallanzani, em 1770, que fez o mesmo experimento, mas teve um resultado diferente.
No século XVII, o biólogo e italiano Francesco Redi adicionou cadáveres de animais dentro de dois frascos, um ele vedou com gaze fina e o outro deixou aberto. No primeiro frasco, notou que a carne estava intacta, mas no segundo, vermes saíram dela. A partir deste experimento, Redi afirmou que os vermes surgiam não da carne, mas de moscas que adicionavam seus ovos lá dentro, assim, não seria uma geração espontânea.
Antes, acreditava-se que os vermes nasciam da carne podre e, com seu experimento, teve uma comprovação. O biólogo registrou tudo no livro “Experimentos sobre a Geração de Insetos”, do latim, “Experiments circa generation insectorum”. A inspiração para o experimento veio com os estudos do poema épico Ilíada, de Homero, sugerindo que os gregos já sabiam como as larvas nasciam.
Para provar a teoria da Abiogênese, o cientista John T. Needham, realizou um experimento em 1745, onde colocou um caldo nutritivo dentro de um frasco e fechou com uma rolha. Depois disso ferveu e, posteriormente, percebeu que mesmo fechado, os microrganismos se alojaram no caldo. Isso confirmou o surgimento deles por geração espontânea.
Em 1770, Lazzaro Spallanzani realizou o mesmo experimento, mas aqueceu bem mais a substância, fato que matou todos os microrganismos. Assim, ele afirmou que Needham não tinha fervido o caldo por tempo suficiente para matá-los. Mas, este rebateu o argumento de Spallanzani afirmando que o cientista teria deixado o ambiente dentro do frasco totalmente desfavorável para o aparecimento da vida.
Louis Pasteur foi um dos principais cientistas que contribuiu para a teoria da biogênese. Em 1860, a Academia Francesa de Ciências lançou um concurso que daria um prêmio a quem mostrasse um experimento sobre a origem da vida. Assim, Pauster, adicionou em quatro frascos, caldos nutritivos, sendo que alterou seus gargalos, deixando-os no formato de um cisne, com uma pequena passagem de ar.
Depois esquentou os mesmos até o vapor chegar nos gargalos e, os deixou em repouso para que esfriassem. Ele notou que as partículas ficavam presas, pois o gargalo agia como um filtro e mesmo em contato com o ar, os microrganismos não conseguiram penetrar o caldo. Mas, quando ele quebrou os gargalos notou que os microrganismos entraram rapidamente e viu que estes não nasceram do líquido.
Após vários testes, experimentos e hipóteses, Louis Pasteur foi um dos cientistas que conseguiu comprovar que os seres vivos não nasciam de forma espontânea, como acreditavam na teoria da abiogênese.
À princípio, a teoria da abiogênese era a mais aceita. A partir dela, surgiu a crença de que um ser vivo só poderia nascer com o auxílio de outro semelhante. Um dos principais questionamentos era: se nascemos com o auxílio de outro ser vivo, como surgiu o primeiro deles?
Para comprovar isto, considerou-se que os microorganismos vieram do espaço cósmico, os cosmozoários. Segundo esta teoria, eles teriam chegado ao Planeta com os meteoros. Mas, esta teoria logo perdeu destaque, sendo essa questão resolvida apenas com a teoria de Oparin-Haldane.
Teoria iniciada pelo biólogo Thomas Huxley e aprofundada posteriormente, em 1920 pelo bioquímico russo Aleksandr I. Oparin e o biólogo inglês John Burdon S. Haldane. Oparin, na época, não pôde testar sua teoria, mas acreditava que os principais elementos responsáveis pela origem da vida eram o hidrogênio, a amônia, o metano e o vapor de água. Esses gases se juntaram devido o contato com os raios ultravioletas e as descargas elétricas que aconteciam na Terra. Com isso, surgiram os aminoácidos que flutuavam pela atmosfera, mas foram depositados no solo, com as constantes chuvas e a presença de umidade.
Quando houve o aquecimento na Terra, eles foram capazes de se unir e formar proteínas que posteriormente, foram para os mares. Esse ambiente foi ideal para que elas formassem coloides, e a partir deles, surgiram os coacervados, um conjunto de moléculas de proteína envolvidas por água. De acordo com Oparin, elas eram formadas por uma membrana de lipídeos e proteínas, e foram as responsáveis pelo surgimento das primeiras células.
O cientista Stanley Miller foi o responsável por testar a hipótese de Oparin, sob a supervisão de Harold Urey. Ele, em 1953, na Universidade de Chicago, por meio de um balão de vidro, simulou as condições da terra primitiva. Ele a aqueceu por longo tempo, sendo que em alguns períodos, dava descargas elétricas. Estas atingiam os gases, que faziam surgir moléculas de aminoácidos. Assim, ele conseguiu provar que novos elementos surgiram a partir das manipulações que realizou no ambiente.
Em 1957, Sidney Fox, seguindo também a proposta de Oparin, usou aminoácidos secos que foram aquecidos. Ele constatou, por meio do microscópio, a formação de ligações peptídicas (ligação química entre moléculas onde ocorre a liberação de uma molécula de água) e pequenas moléculas de proteínas. Isso significa que, o seu experimento simulou o surgimento das formas primitivas de vida, como descrito por Oparin.